* por Adelino Almeida
A primeira escola funcionou na “Casa do Cartim”, em Paçô, onde hoje deparamos com novo edifício de habitação do falecido Eduardo Bastos e viúva Leonilde Bastos.
O Professor Aveiro chegou a Paçô em 1889 para ser o primeiro regente da cadeira de Instrução primária da freguesia de Cepelos, do então concelho de Macieira de Cambra. Francisco Cruz Aveiro de seu nome foi natural de Ílhavo onde terá nascido em 1855, vindo a falecer em Paçô, da freguesa de Cepelos, a 5 de Dezembro de 1939.
A freguesia de Cepelos carecia de instalações condignas para funcionamento da Escola e a 26 de Dezembro de 1915 a Junta Paroquial de Cepelos, em sua sessão ordinária pelo seu Presidente Emídio Dias de Sousa “foi declarado que tendo esta freguesia sido dotada com um subsídio de mil escudos, para a construção duma casa de escola, como se vê no Diário de Governo de 25 de Outubro deste ano e sendo esta paróquia muito pobre não pode concorrer para a construção da escola, senão com madeiras e construção de pedras, por isso propunha à Sr.ª Junta que se comunicasse ao Ex. m.º Ministro da Instrução, a fim de ele autorizar a construção do referido edifício apenas com aquele auxílio da Junta...”
A Junta de Freguesia concorda com a proposta do seu Presidente, reafirmando a necessidade e pertinência do melhoramento, informando já ter remetido ao Ministério da Instrução o respetivo projeto.
A 25 de Janeiro de 1916 o Presidente apresenta o projeto e a aprovação orçamental do Ministério da Instrução, deliberando-se colocar a obra a arrematação no dia 27 de Fevereiro desse ano.
Concorrem Abel de Almeida Martins de Vila Chã e Joaquim Tavares Gonçalves de Vilar de Cepelos, que arremata por 999 escudos e 50 centavos e a quem é entregue a empreitada, o qual vai posteriormente pedindo sucessivos adiamento de prazo de entrega arrastando a obra até ao início da década de vinte a que não é estranho o fenómeno da I guerra mundial. De permeio a Junta de Freguesia recebe mais 500 escudos do Governo para ajudar às despesas da construção.
É o Professor Francisco Cruz Aveiro que toma posse na nova escola mista de Cepelos, aposentando-se em 1926, pese embora ter continuado a dar aulas particulares e grátis a muitos estudantes na sua casa em Paçô, vendo o seu nome justamente inscrito na toponímia do lugar.
Muitos foram outros os alunos, docentes e funcionários nesta escola, mas marcante pelas boas e más razões, foi a Professora Maria da Costa Macedo, natural de Póvoa de Lanhoso que durante décadas habitou a parte do edifício reservado ao professor titular. Foi casada com Armando Albergaria, ajudante de Notário, sendo ambos assinalados como opositores ao regime político, tendo mesmo ele sido afastado das suas funções.
O casal nunca teve filhos o que somado às desconfianças políticas que suscitava lhe exigia um cumprimento rigoroso e dedicado ao ensino o que levou ao extremo de cumprir um horário escolar de sol a sol. Foi professora de muitas e muitas gerações de cepelenses que eram “forçados” a brilhar nas provas de exame da quarta classe. A rotina escolar diária só terminava com a chegada do Sr. Albergaria na camioneta da CP pelas 20 horas.
Todos se lembram:
‑ “Manda-me essas crianças embora!
‑ Lá vem o protector dos animais!”, ‑ retorquia a D. Maria.
O monumental edifício escolar que tanto custou a erguer testemunhou a génese ao seu lado direito de um novo edifício escolar na década de 70 do século passado, enquadrado na arquitectura típica dos “Plano Centenário”, típico do Estado Novo e acolheu ainda durante anos o Jardim-de-Infância de Cepelos.
Na mesma década funcionou em 2 pavilhões pré-fabricados próximos a Escola do Ensino Básico Mediatizado nº 299 de Cepelos que ministrou o segundo ciclo por cerca de década e meia até à sua extinção em 2004.
Sem glória nem memória é demolido na década de oitenta (1988), construindo-se no espaço o Centro Cívico de Cepelos, onde funcionou o Pré-Escolar.
A freguesia de Cepelos dispôs ainda das Escolas Básicas de Vilar, de Tabaçó, Merlães e Irijó e respetivos Jardins-de-Infância, que paulatinamente têm vindo a encerrar frutos das fortes alterações demográficas que entretanto ocorreram no concelho e freguesia. A EB1 de Merlães foi a última a encerrar em 2006.