imagem:DAILY TELEGRAPH 25 Novembro de1899, famosa fotografia de Churchill de pé com outros prisioneiros de guerra capturados pelos Boers após o incidente do comboio blindado.
Quando li a biografia oficial de Winston Churchill (Homem pelo qual tenho grande admiração) deparei-me com uma passagem na vida dele de que gostei muito (para além de outras tantas ainda melhores), tendo essa passagem um desfecho que inclui o então território português, Moçambique.
Winston Churchill chegou a Estcourt no Natal de 1899 com 25 anos de idade. Chegou como repórter de guerra (Guerra dos Boers) para o London Morning Post. As tropas britânicas estavam á espera para marchar sobre Ladysmith. Churchill descreveu mais tarde Ladysmith como "a pobre cidade perseguida, famosa até aos confins do mundo ".
Em Novembro do mesmo ano Churchill juntou-se a um reconhecimento em comboio blindado tomando a direcção Norte, onde haviam patrulhas Boers. Essas mesmas patrulhas Boers emboscaram o comboio. Uma pedra enorme bloqueou a linha. Quando o comboio bateu, descarrilou. O General Joubert PJ decidiu que Churchill desempenhou um papel muito activo na luta de resistência contra aos seus Boers. Depois de se render, ele foi levado para Pretória (perto de Joanesburgo) onde foi preso.
No entanto Churchill não permaneceu em cativeiro durante muito tempo. Ao fim de dois meses fugiu e escondeu-se num comboio de carvão que ia para leste em direcção a Moçambique. Na noite seguinte, o comboio parou em Clewer perto de Witbank. Churchill decidiu então bater de porta em porta á procura de comida.
A sorte definitivamente favorece os audazes e numa das portas que ele escolheu para pedir comida foi dar com John Howard. Era um inglês e gerente do Transvaal e de uma mina na região. Churchill foi bem alimentado e depois escondido nos estábulos subterrâneos da mina. As forças Boer procuravam-no por todo lado. Mais tarde ele escondeu-se atrás de uns caixotes nos escritórios das minas.
O General Joubert não estava muito preocupado com a fuga de Churchill. Na verdade, ele ofereceu de recompensa pela captura de Churchill menos dinheiro (27 shilling's) do que os oficiais britânicos estavam a pagar por uma garrafa de uísque. "Ele é pouco mais que um jornalista" foi o parecer de Joubert sobre o homem que mais tarde se tornaria primeiro-ministro britânico e um dos melhores estadistas de todos os tempos.
Seis dias depois da sua chegada a Clewer, escondeu-se num comboio carregado de lã com destino a Moçambique. O comboio finalmente chegou ao destino dois dias depois, a 21 de dezembro. O cônsul britânico em Moçambique não se convenceu logo da identidade de Churchill, mas passados dois dias transmitiu uma mensagem para as autoridades britânicas sobre a chegada de Churchill. A mensagem dizia: "Produto chegou com segurança".
O Nelson Evening Mail da Nova Zelândia a 2 de janeiro de 1900 fez a seguinte cobertura á fuga de Churchill:
"Tenente Churchill foge.
Tenente Winston Churchill, o correspondente de guerra do "Morning Post", que acaba de escapar pela segunda vez da guarda dos Boers, afirma que conseguiu fugir dos seus guardas durante a noite, e escalando um muro foi capaz de se afastar para muito longe deles. Ele embarcou num dos comboios que vão de Pretoria para Delagoa Bay, e escondeu-se sob sacos de carvão. À chegada a Delagoa Bay obteve passagem de vapor para Durban. Por vários dias alimentou-se simplesmente com chocolate. "
Winston Churchill, Prémio Nobel da Literatura conta todos os pormenores da captura e fuga no seu livro: Os Meus Primeiros Anos 1874-1908.
Bibliografia:
Genealogy World, Boers War, Capture of Winston Churchill
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