11 março 2009

Portugal e o Racionamento na Segunda Guerra Mundial

Conta a minha avó, nascida na década 30, que o seu pai durante "os tempos" da Segunda Guerra Mundial (39-45 e talvez até 48), ia a uma Freguesia vizinha á sua onde conseguia através de um "conhecido", alguns suplementos de milho. Ia por vezes pelo raiar do dia ou até de madrugada por caminhos pouco frequentados pela população local para não ser visto com o "saco ás costas".
Esta historia relaciona-se como tantas outras em Portugal com o Racionamento imposto pelo Estado Português em tantos outros produtos como o milho, azeite, pão etc e a Electricidade, claro que esta não existia na terra do meu Bisavô. Recordemos um excerto sobre o assunto: «A 13 de Julho de 1940, sob proposta do ministro de guerra Hugh Dalton, o gabinete britânico aprova a aplicação do sistema de racionamento aos dois países ibéricos(...).»

Assim alguns agricultores para não verem toda a sua produção contabilizada e racionada pelas "mãos" dos "regedores" do Estado escondiam ou até enterravam parte dela para a depois a consumir, trocar, vender ou dar, e assim essa mesma produção fugia á "fiscalização" e por consequente era um bonús para quem arriscava a fazer tais pripecias.

E foi assim que os meus familiares na década de 40 sofreram de forma resumida com os efeitos da Segunda Guerra Mundial.

Mas por todo Pais em outros produtos aconteia o mesmo, e conta-nos Maria Anabela Silva / Jornal de Leiria o seguinte, « A crise provocada pela II Guerra Mundial foi vivida nas freguesias do concelho de Porto de Mós de forma intensa, com o Estado a racionar-lhes o seu produto mais precioso: o azeite. Uma situação que conduziu ao desenvolvimento do contrabando deste produto. Mulas carregadas de odres cheio daquele oleo atravessavam a serra, sempre de noite e tentando iludir a fiscalização(...).» na integra em http://www.leirianet.pt/leiria/noticia.php3?ind=1601


A Entidade que controlava esse Racionamento e que agora se chama ASAE

«Apesar da sua recente criação, poder-se-á afirmar que a sua origem remonta a 1943, ano em que foi criada a IGA – Intendência Geral dos Abastecimentos, que em 1965, abandonou tal denominação para IGAE – Inspecção Geral das Actividades Económicas. Naquele ano – 1943 – os abastecimentos de bens ao país havia-se agravado em consequência dos efeitos da 2ª Guerra Mundial na economia portuguesa, pelo que alguns géneros estavam sujeitos ao racionamento. A tarefa de coordenar e superintender esse racionamento cabia à IGA. Mais tarde, com o surgimento da IGAE, as competências foram reforçadas, em matéria de prevenção e promoção da repressão das infracções antieconómicas e contra a saúde pública. A IGAE era órgão de polícia criminal e os seus inspectores, devido à natureza das funções que lhes estavam investidas, tinham uso e porte de arma de fogo distribuída pelo Estado».


In “Da Intendência Geral dos Abastecimentos (1943) à Inspecção-Geral das Actividades Económicas”, Pousa, José Alberto, Lisboa, Junho 2000.


Gostaria de em post's futuros abordar este tema de forma mais aprofundada e com mais tempo de modo a conseguir mais relatos sobre esta matéria tanto na minha Freguesia/Concelho como por todo Pais.

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