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14 março 2012

Henrique Batista de Oliveira


Soldado nº 465 da 1ª companhia do 1º Batalhão da Infantaria nº24 do CEP.
Filho de Custódio Batista de Oliveira e de Maria Ferreira de Jesus, natural de Lourosa - Macieira de Cambra.

Embarcou em Lisboa a 23 de Fevereiro de 1917 rumo à Flandres.

Faleceu na 1ª linha, por virtude de ferimentos recebidos em combate, em 15 de Julho de 1917, sendo sepultado no cemitério de Vieille-Chapelle, coval F5.

Pensão de Preço de Sangue solicitada pela mãe, Maria Ferreira de Jesus a 15-06-1923.

Fonte: Serviço de Estatística do Corpo Expedicionário Português / Arquivo Histórico Militar
Foto: Postal do Cemitério de Vieille-Chapelle

11 março 2012

António Moreira Maia


Soldado nº 183 do 1º Grupo de Metralhadoras da 2ª Bateria do CEP.

Filho de Manuel António Moreira e de Maria de Jesus, natural de Cepelos - Macieira de Cambra.

Embarcou com o Corpo Expedicionário Português em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1917 rumo á Flandres.

Da sua ficha militar resume-se o seguinte:

«Punido em 28-01-1918 pelo comandante da Bateria com 10 dias de detenção por ter escrito uma carta destinada a Portugal em que dizia noticias falsas, e fazia intimações descabidas e falsas a serviços com referência a superiores.

Punido em 20-02-1918 pelo comandante da Bateria com 2 dias de detenção por ter faltado ontem à instrução sem motivo justificado apresentando-se ás 16h 15m infringindo o nº5 do art.º 4 do R.D.E.

Desaparecido em 9 de Abril de 1918. Por comunicação da comissão de Prisioneiros de Guerra foi feito prisioneiro sendo internado no Campo de Friedrichsfeld.
Presente em 14 de Janeiro de 1919.

Desembarcou em Lisboa a 28 de Janeiro de 1919.»

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Fonte: Serviço de Estatística do Corpo Expedicionário Português / Arquivo Histórico Militar
Foto: Portugueses presos após a batalha do Lys no campo de Friedrichsfeld - Bundesarchiv

03 janeiro 2012

Adelino Tavares


Soldado Servente nº 432 da 4ª Bateria do Regimento de Artilharia nº2, nasceu a 21 de Abril de 1895 filho de Salvador Tavares e de Mequelina Rosa de Jesus, natural de Junqueira (Póvoa) - Macieira de Cambra.

Embarcou com o Corpo Expedicionário Português de Lisboa a 20 de Janeiro de 1917 rumo à Flandres.

Louvado pela serenidade e frieza pela ocasião do combate de 6/7 de Junho de 1917 quando uma granada alemã derrubou sobre a peça e guarnição da mesma que fazia parte, uma grande pernada de árvore que o feriu sem que tal facto fizesse interromper o serviço e pela decisão e energia com que contribuiu para a extinção do incêndio que uma outra granada fez atear nos panos que mascaravam a peça, enquanto outros seus camaradas tratavam de retirar as munições que se achavam perto.

Condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª Classe por decreto de 5 de Novembro, publicado na O E nº16 (2ª serie) de 15 do mesmo mês.

Encontra-se de licença de campanha e foi colocado no D. Artilharia C. em 19 de Setembro de 1918.

Aumentado ao efectivo do D. Artilharia C. e à 3ª Secção com o nº 371 em 19-9-1918 nos termos da O. C. nº 200 de 24-7-1918.

Abatido ao efectivo do D. Artª C. em 31-1-1919 (encontra-se ausente).

Desembarcou em Lisboa a 4 de Outubro de 1919.



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Fonte: Serviço de Estatística do Corpo Expedicionário Português / Arquivo Histórico Militar

23 outubro 2011

Grande Guerra - Cruz de Mérito de 3ª Classe

Cruz de Guerra de 3ª classe do soldado valecambrense Adelino Tavares pertencente ao Regimento de Artilharia nº 2 do CEP, natural da freguesia de Junqueira, ganha por mérito em França durante a 1ª Guerra Mundial.





20 fevereiro 2011

A Batalha subterrânea de Messines


"Senhores, nós amanha podemos não fazer história, mas vamos certamente mudar a geografia".1


Ingleses, Canadianos, Neozelandeses e Australianos, escavaram em 1917 na região de Ypres (Batalha de Messines) vários túneis por baixo das trincheiras alemãs onde a terra era bastante enlameada e colocaram 22 minas que totalizavam 456 toneladas de explosivo de amónio.
Graças ao árduo trabalho dos geólogos (visto a solo ter muita água) esta operação iria ser um sucesso.

A uma distância considerável das trincheiras alemãs começavam os túneis (perfaziam mais de 5 km) que iriam desaguar mesmo por baixo do terreno onde se encontravam os alemães e onde iria ser colocada toda a carga.

Os ingleses fizeram notar aos alemães que iriam fazer uma ofensiva em larga escala, para que estes se reforçassem em numero de homens e de material, e assim quando houvesse a detonação o numero de vitimas e de destruição fosse o máximo.

A 7 de Junho de 1917 deu-se a explosão de todas as cargas matando aproximadamente 10.000 alemães e destruindo todas as fortificações bem como a própria cidade de Messines.

A maior das 22 minas apelidada de Lone Tree Crater e posteriormente rebatizada para "Piscina da Paz" , estava num sitio chamado Spanbroekmolen e quando esta explodiu formou-se uma cratera com 80 metros de diâmetro e 12 metros de profundidade. Esta mina consistia em 41 toneladas de amónio que estava 27 metros abaixo do solo alemão.

Para se ter a noção da potência das detonações na Batalha de Messines estas foram as maiores de sempre realizadas pelo ser humano até ás Bombas Atómicas de 1945, sendo a maior explosão não-nuclear de todos os tempos. Com os cerca de 10.000 mortos, a explosão de Messines foi a que causou, através de acção humana, o maior numero de mortos não-nucleares até aos dias de hoje.

A explosão foi sentida em Londres e Dublin.


Em questão de meses o alemães reconquistaram o território destruído pela explosão que tinha caído nas mãos dos aliados.

Esta história é contada sob ponto de vista australiano no filme BENEATH HILL 60. (recomenda-se)


1. Comentário do General Plumer na noite anterior á detonação.

Imagem: cratera da Piscina da Paz nos dias de hoje

Bibliografia:
Beneath Hill 60 (filme)
firstworldwar.com

26 janeiro 2011

" a Avenida Afonso Costa "


« A terra de ninguém era apelidada, de «Avenida Afonso Costa» como meio de os militares exteriorizarem a ira pelo facto de serem obrigados a sujeitarem-se a esse espaço de horror, personalizando no Primeiro-Ministro todo o ressentimento que sentiam. »


in: Isabel Pestana Marques - Das Trincheiras, Com Saudade

Foto: (a entrar na terra de ninguém) - The Imperial War Museum

10 outubro 2010

A Guerra



Se o Pe António Vieira nos diz isto sobre a guerra:

“É a guerra aquele monstro (...)
O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, e até Deus nos templos e sacrários não está seguro.»

Ao que Jaime Cortesão depois de ter vivido os horrores da Grande Guerra ao serviço do Corpo Expedicionário Português acrescenta que nem os mortos nas suas sepulturas estão seguros, visto os bombardeamentos dos boches terem "desenterrado" os mortos num cemitério relativamente próximo do front que pôs á derivada caixões e corpos em valas cheias de águas verdes e amarelas.


Imagem: Ilustração Portugueza, No. 485, Junho 7 1915 - 17 in Ilustração Portuguesa

22 setembro 2010

Egas Moniz - o diplomata

imagem: delegados aliados para a Conferência da Paz em Paris onde se vê Egas Moniz como representante de Portugal

«Egas Moniz, responsável pela pasta dos Estrangeiros, parte para Londres a 5 de Dezembro(1918), na sua qualidade de presidente da Delegação Portuguesa á Conferência de Paz, para que fora nomeado a 20 de Novembro. E a 10 de Dezembro é recebido por Balfour, o ministro dos Estrangeiros britânico.

Desta primeira reunião, como indica José Medeiros Ferreira em Portugal na Conferência da Paz, são retirados os objectivos iniciais de Egas Moniz, os quais divergem em parte dos de Sidónio Pais. Nas duas semanas que antecedem o início da conferência, Egas Moniz tem intensa actividade em Paris onde se reúne com o seu homologo francês.

No livro que acima se refere, deduz-se que existe uma grande desorientação da Delegação Portuguesa, que tanto se preocupa com os grandes objectivos a alcançar na Conferência (domínio colonial, indemnizações de guerra, repartição de meios de guerra) como se preocupa com o numero de delegados, gastando nesta última questão parte do tempo precioso que antecedeu a abertura oficial da Conferência de Paz. Posteriormente, Canto e Castro envia para Paris um documento no qual compendia os objectivos portugueses na Conferência de Paz.

Desde a partida de Egas Moniz de Lisboa, a 5 de Dezembro de 1918, que os acontecimentos em Portugal haviam evoluído por forma assaz desfavorável para a força política, ou meramente representativa, «do primeiro presidente da Delegação Portuguesa à Conferência de Paz». Assim, a 14 de Dezembro foi assassinado Sidónio Pais e a 16 era eleito, no Parlamento, o contra-almirante Canto e Castro. Este nomeia presidente do Governo o tenente-coronel João Tamagnini Barbosa, que mantém Egas Moniz na pasta do Estrangeiros.

Agita-se o elemento militar. As Juntas Militares, de cariz monárquico, pretendem interferir na composição do Governo e opõem-se em particular à continuação de Egas Moniz. Revolta-se João Almeida, «o herói dos Dembos», no próprio dia da tomada de posso do Governo. Das negociações que se seguiram entre Tamagnini Barbosa e João Almeida resulta a substituição do gabinete formado a 23 de Dezembro por outro, que toma posse a 27 de Janeiro de 1919. A 11 de Janeiro dá-se uma revolta republicana em Santarém. A 19, as Juntas proclamam a Monarquia do Norte; a 23 desse mês os monárquicos ocupam Monsanto e a 24 são desalojados por forças fiéis à República. A 27 de Janeiro um novo Governo, desta vez presidido pelo democrático Domingos Pereira, onde não participavam sidonistas. Era o regresso em plena força da República Velha».

Afonso Costa, nessa emergência, será o responsável máximo pelas negociações de Paris, a fim de rematar da melhor maneira possível a participação de Portugal na Grande Guerra. E a partir de 17 de Março de 1919 a presidência da Delegação Portuguesa à Conferência da Paz pertence-lhe. Mais: a verdadeira chefia da diplomacia portuguesa passa-lhe para as mãos, como grande parte da política governamental.

O afastamento de Egas Moniz deveu-se de certa forma á sua participação no Sidonismo e aos acontecimentos de Dezembro e Janeiro de 18/19. Abandona a política e torna-se passado alguns anos o primeiro Prémio Nobel português.»


Base do Texto: Portugal na Conferência da Paz - Paris,1919 - José Medeiros Ferreira
Imagem: The War of the Nations (New York), December 31, 1919, in The Library of Congress > American Memory

O afastamento do futuro Prémio Nobel da Medicina prendeu-se, antes de mais, com a sua participação no sidonismo.

O afastamento do futuro Prémio Nobel da Medicina prendeu-se, antes de mais, com a sua participação no sidonismo.

07 setembro 2010

Sousa Lopes - O Pintor do CEP

«Adriano de Sousa Lopes frequentou a Academia de Belas-Artes de Lisboa e, em 1903, foi para Paris.
A partir de 1920 desenvolveu uma dimensão expressionista na sua pintura essencialmente paisagista e retratista.
Em 1927 foi director do Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Em 1929, recuperou um estilo mais académico tardio que veio a consolidar nas pinturas a fresco que executou, com influência da técnica italiana, no Salão Nobre do Palácio de São Bento.
Perdida a espontaneidade da juventude com o ritmo crescente de encomendas oficiais e suas exigências, entregou-se a um modernismo convencional oficioso traduzido num excesso cromático e de movimento.» 1


«Sousa Lopes foi o único pintor a acompanhar o Corpo Expedicionário Português na Primeira Guerra Mundial. Foi ele quem pediu ao ministro da Guerra que o deixasse ir para a frente francesa e, lá chegado, foi a custo que se instalou nas trincheiras. A Rendição é a sua obra maior.

Em Agosto de 1917, num país agitado pela mobilização da guerra, o pintor Adriano Sousa Lopes é nomeado pelo governo da República oficial-artista do Corpo Expedicionário Português (CEP), na frente ocidental da Grande Guerra. Desde Fevereiro que sucessivos contingentes de soldados portugueses chegavam ao Norte de França, para defender uma área situada na planície do rio Lys, sector militar que não excedia os 18 quilómetros na primeira linha, e que se integrava autonomamente na frente do Primeiro Exército Britânico.

É o seu grande quadro, A Rendição: "Soldados vindos das linhas, cobertos com peles que os protegem do frio, enlameados, as caras mal rapadas, um ar de esmagadora fadiga... Esta saída da trincheira, o primeiro cotovelo que lhe descortinamos ao fundo e estes homens que saem, quase definem as linhas e a sua vida." Na versão final, é uma composição com mais de 12 metros de comprimento, terminada em 1923, hoje visível no Museu Militar de Lisboa. É uma obra- chave, que faz a síntese da experiência do pintor em França, confrontado com a dura realidade que o CEP vivia no sector português.»2


Nasceu em Vidigal, Leiria, em 20 de Fevereiro de 1879;
morreu em Lisboa em 21 de Abril de 1944.



O almoço do Pintor


Eu dissera ao meu companheiro:

- Ora oxalá não nos suceda alguma.

E revolvia na ideia aquele nosso jantar daqui há dias.

Estávamos a meio e vieram dizer que tinham trazido um morto ali da estrada. Fomos ver. Como era escuro já, tiveram que alumiar. Lá estava o soldado deitado na lama. Quando seguia, aqui perto, pim! uma bala dum-dum de metralhadora entrou-lhe pela boca e estoirou. Trouxeram-no em braços é deitaram-no ali.

Debrucei-me. A sua cabeça era uma massa sangrenta e chata estendida no chão. Lembrava um destes balões vermelhos de caoutchouc com que as crianças usam brincar e que tivesse estoirado. Perdera de todo a forma primitiva e humana. Este milagre de construção que nós trazemos sobre os ombros, estava ali esborrachado sobre a terra, alastrando carne, miolos, sangue.

No dia seguinte veio outro, tal e qual na mesma. Só a bala entrara pelo temporal.

O certo é que a seguir a gente senta-se para comer e custa a engolir o bocado. Temos no olhar o espectáculo do companheiro morto. Depois não é só isso: sente-se não sei que frio cá dentro e lembramo-nos que aquela bala, – hein! - podia ter entrado em nós. E a ideia de que se pode ficar assim, palavra de honra, não é de abrir o apetite.

Pois é verdade. Ainda não lhes disse. Oferecemos ontem um almoço. Mas dia 13... quarta-feira de cinzas... Não vá o diabo tecer alguma ...

E um almoço a um Pintor. Fazem favor de reparar que é com P grande.E

Era ao nosso Pintor da guerra, Sousa Lopes. Já tinha visto, lá pela Lisboa, uma exposição sua, mais que suficiente para lhe ter amor, como se tem a um grande artista da nossa terra.

Mas também lhes digo: se o não admirasse ainda, começava a admirá-lo agora. Porque enfim para pintar a guerra veio fazer os cartões para as trincheiras. Eu vi, eu vi-o na primeira linha, a setenta, oitenta metros do boche sentar-se. num saco e, imperturbável, apontar de crayon em punho, demoradamente.

E vi já os seus esquissos em que os soldados, apenas debuxados, todavia surgem em sofrimento e alma, mas em alma nova, com aquela centelha de revelação profunda de quem viu a Verdade, o que só a trincheira dá.

Tenham a certeza que não são os Franciscos, os Maneis, os Antónios, muito pândegos e piadistas, e um tanto lamechas que teem por aí aparecido em certas páginas. E tenham também a certeza que se ninguém mais os souber dar, como eles são de verdade, pela pena, pela lira, pelo cinzel, esse soldado, o verdadeiro, há-de ficar a tintas nos painéis de Sousa Lopes.

Ele veio cá, e aqui está, vendo, vivendo, sofrendo, para depois pintar. E os outros... Os outros, o melhor é nem falar neles.

Em termos que eu a mai-lo meu colega quisemos ter à mesa do abrigo o nobre camarada dos painéis.

Logo pela manhã foi uma azáfama. Mandámos às compras. Estudámos combinações culinárias. E, assentado o plano com o cozinheiro, mãos à obra. É que não se tem todos os dias à mesa um grande Pintor português. De mais a mais na guerra.

Por consequência pus o capacete, enverguei a máscara, peguei da bengala e fui à Horta Selvagem.

Porque hão de saber agora: nós descobrimos aqui num recanto da planície bombardeada e que há três anos se não cultiva, uma horta, uma velha horta, que em memória do mimo antigo, ergue aqui e além espontaneamente por entre as ervas comuns seu talo de couve, folhuda e agreste.

E. daí, baptizámo-la assim, à horta, com aquele nome à Júlio Verne.

Entendido: isto fica aqui entre nós, pela razão de, que os invejosos são muitos e as couves poucas.

Que digo eu?... Pouquíssimas!... Imaginem que os homens da engenharia construíram pra ali uma Decauville, uma destas Decauvilles das linhas e cortaram-me a horta ao meio.

Pois, senhores, não só me não pagaram a expropriação, como acarretaram as cóleras boches sobre a já minguada propriedade. Resultado: horta bombardeada, couves de pernas ao ar e poucos talos direitos.

Eis o triste quadro, que os meus olhos foram deparar. Vá lá uma pessoa ser proprietário com vizinhos tais.

Apanhei algumas folhas de couve; deitei um último olhar às ruínas de Cartago... quer dizer, da horta, e retirei-me.

E aqui está como o almoço abria com bacalhau, bacalhau vindo de Portugal, acompanhado de batatas... e couves. Nas linhas é opíparo. Estávamos justamente orgulhosos, e foi com mão solene que inscrevemos no menu aquele prato.

Devemos dizer-lhes que eu e o meu colega fizemos um menu. E em verso.

Abria ele por esta quadra que, se não honra os dois poetas, enobrece o pintor:

Bacalhau à Sousa Lopes,
- O fiel, com batatinhas,
Ao nosso Pintor da Guerra,
Que é fiel, pois veio às linhas.

Seguiam-se os outros pratos, cada um com sua oferta em verso. Diga-se todavia, em abono da verdade: as demais quadras não pindarizavam ninguém. Antes pelo contrário: jogavam graças pesadas, a torto e a direito, o que é muito próprio das linhas. Convêm saber que havia mais convidados. Além do Pintor, em honra de quem se dava o almoço, e dos dois médicos anfitriões, assistiam ainda um poeta e um humorista.

E só, para lhes fazer crescer água na boca, sempre lhes digo o mais que se comeu: carne de porco com feijões, bifes com batatas e salada. A regar, vinho comum, vinho do Porto e café.

O que isto nos custou a conseguir, naquelas paragens, não é fácil contar-se. Daremos uma ideia, se lhes dissermos que um ciclista andou de véspera a fazer compras ri -uma pequena cidade, a duas boas léguas de distância.

A sala, – um abrigo de elefante, onde se não pode estar de pé – tinha sido formosamente engalanada com graciosos festões... de ligaduras:

E, à hora aprazada, apesar de cair a chuva, os convidados compareceram. Almoço animado. 0, cozinheiro, que era o meu impedido, a quem nem esta prenda falta, recebeu os cumprimentos da assistência. E conversou-se muito. Falou-se da guerra, da Arte, de Portugal... De muita, muita coisa.

E não se vá dizer que os artistas comem mal. Oh! não; fizeram as honras ao almoço.

Ora sucedeu que, já no fim do repasto, naquela altura, em que, de perna traçada e abdulia aceso, se prova o Porto e bebe aos goles o café e a conversa se anima e pontevista de fantasia, lá fora, nos rails, a carreta dos feridos raspou, rodando, aqueles guinchos ásperos e lúgubres, que dizem carga pesada.

Eu e o meu colega, por dever de ofício, erguemo-nos instintivamente e sem pedir licença. E os outros seguiram-nos.

A carreta veio de lá rolando e guinchando, té que parou mesmo em frente da porta.

Acaso, não eram feridos.

Estendidos nos dois andares da carreta, estavam três mortos.

Um deles, todo cosido na manta própria, tinha a aparência egípcia de múmia, a nuca em linha direita aos ombros, os ombros em linha direita aos pés. 0 segundo, igualmente cosido no seu invólucro, conservava o mesmo aspecto, com a diferença de que tinha sido inteiramente decepado, rente aos ombros. Do último restavam, dentro duma espécie de saco com a forma e o tamanho dum presunto, qualquer coisa lá dentro que deveria ser como as sobras dum banquete de tigre.

Por muito acostumado que se esteja a estas coisas, de mim senti, talvez também pelo contraste brusco, uma circulação de gelo calafriando o peito e os membros. Os outros não deviam sentir muito menos que isto.

Por seu lado o Pintor estacara ante o quadro trágico. Depois seguiu e andou à volta, olhando fixamente. E olhava, com olhos de quem pinta, mas também com olhos de quem reza.

Os seus olhos brilhavam de piedade, que é a mais alta compreensão; e humedeciam-se de respeito ajoelhado perante as relíquias sagradas do irmão que morreu em combate.

Ao lado, a um curioso, o maqueiro elucidava:

- Foi um morteiro. que caiu no meio dum grupo de homens. Matou oito. O resto inda lá está embrulhado com a lama, na cratera.

Hoje a carreta trouxe mais dois. Pestavam já horrivelmente.

E o maqueiro, encolhendo os ombros, voltou a elucidas:

- Dos outros três, não se aproveita nada. 3


Fontes:
1. Assembleia da Républica - Visita Virtual > Sousa Lopes (1879 - 1944)
2. Público (06/09/2010) - República -Um pintor nas trincheiras - Por Carlos Silveira
3. Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra (1916-1919), in O Portal da História

24 agosto 2010

Terra de Ninguém

Nada melhor do que André Brun, (em "A Malta das Trincheiras") para nos descrever a Terra de Ninguém, na Flandres durante a Primeira Guerra Mundial onde o Corpo Expedicionário marcou presença.

«Entre a nossa linha e a sua um terreno vago, cavado de crateras, nesta altura do ano cheio de ervas e onde teimam em medrar alguns arbustos. É a terra que nem é nossa, nem do inimigo, o no man's land dos ingleses, a terra de ninguém. Os poilus de França encontram para a designar um termo de alto pitoresco. Chamam-lhe le billard. (...)

Nos intervalos das ofensivas, nos meses intermináveis da guerra puramente de trincheiras, é na terra da ninguém que se trava toda a luta de infantaria. De dia é serena. Mirada dos postos de observação é uma tranquila faixa de terreno, onde a vegetação ondeia no vento. De longe em longe, a certas horas da tarde, levanta-se nela, após um estampido longínquo e um silvo rápido, um geyser de terra. É uma granada de regulação de tiro, que procura os arames ou refereência ás primeiras linhas. (...)

Mas a noite cai e então a terra de ninguém é cheia de mistérios, povoada de perigos que se não vêem. Cada sombra que nela gira é uma patrulha, cada rumor vago que nela se ouve é um inimigo rastejando, e a morte que espreita, a cilada que se prepara. Cautelosos, aproveitando a escuridão da noite, saem os grupos que vão trabalhar no reforçamento do nosso arame; antes saíram as patrulhas para protecção que cobrem o trabalho com a sua vigilância e, rasando as ervas, batendo o arame, cortando a aresta do parapeito, começam a passar as rajadas das metralhadoras boches. Ao primeiro tiro todos se deitam, se acachapam.

A metralhadora cala-se e, lentamente, evitando o menor ruído que fixe a atenção do vizinho defronte, todos se erguem e o trabalho recomeça, para cessar dali a pouco interrompido por outra metralhadora que estala acima e cujo leque mortífero se abre e se aproxima. (...)

Em certas noites a terra de ninguém animava-se de súbito. Sentiam-se estalar granadas de mão. Duas patrulhas se tinham encontrado, e adivinhava-se na escuridão o corpo-a-corpo, a luta feroz sem quartel. As duas linhas iluminavam-se de fogachos, saíam reforços, angustiosamente se esperava a chegada de um dos combatentes para contar a refrega. Outras vezes o boche chegava aos nossos arames, buscava uma entrada para surpreender uma sentinela, e era o alarme correndo a linha toda, as Lewis fazendo fogo infernal, as granadas de espingarda silvando e estoirando.»

Fonte: A Malta das Trincheiras, André Brun
Imagem: Terra de Ninguém, in Ilustração Portuguesa

11 junho 2010

Monumento aos Mortos da Grande Guerra - Oliveira de Azeméis


Está situado no Jardim Público de Oliveira de Azeméis, tendo sido construído em 1930 sob a égide do escultor Henrique Moreira e do canteiro António Resende e que na sua imponência destaca, entre as Batalhas do século XX, a de La Lys, onde a 09 de Abril de 1918 o solo da Flandres ficou empapado pelo sangue de 7500 portugueses. Esta batalha foi o início da vitória dos aliados.

Foto: Miguel Barreiro
Texto: Liga dos Combatentes

26 maio 2010

Cartazes - Primeira Guerra Mundial

(clicar para ampliar)
A guerra de munições, como a Grã-Bretanha mobilisou as sua industrias.
Cartaz de produção britânica em língua portuguesa. - Reprodução litográfica. - BN - 300 Anos do cartaz em Portugal. Lisboa, 1975, nº 193

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

Título impresso na margem superior, ilegível, quase totalmente cortado. - Provável propaganda da preparação do C.E.P.. - Data segundo análise iconográfica e entrada de Portugal na I Guerra Mundial. - Impressão litográfica. - BN - 300 Anos do cartaz em Portugal, 1975,, n.º 133, referido com diferente data e sem a conotação acima indicada. - Em grande plano, sobre círculo limitando relvado onde correm dois jogadores sob céu vermelho, jogador de futebol, equipado mas apresentando ligadura num joelho e luva correctora numa mão, prepara-se para chutar a bola; em 2º plano, soldados e marinheiros, em formatura frente a frente, junto a costa onde se procede a desembarque de navio de guerra

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

PORTUGUESES, HONREMOS A MEMORIA DOS NOSSOS HEROIS!
- A batalha de La Lys, também conhecida por batalha de Armentières, foi a principal participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

14 abril 2010

Duas Guerras, Duas Diplomacias

Primeira Guerra Mundial

João chagas escreveu um dia que o inimigo que Portugal tinha no conflito europeu era a Inglaterra. Nada podia ser mais exacto. Chagas e alguns outros, entre os quais se inclui o Coronel Freire de Andrade, ministro dos Negócios Estrangeiros em 1914, queriam ver a República a combater na frente ocidental, com a França e a Inglaterra. Havia no entanto um obstáculo no caminho da intervenção portuguesa: a própria Inglaterra.

A posição oficial Portuguesa foi a de, estando em paz com todas as potências, estar também pronto a corresponder incondicionalmente aos seus «deveres» para com a Inglaterra. Á primeira leitura desta declaração de amizade - que em França, por exemplo, se interpretou como um acto de hostilidade á Alemanha - , os ingleses ficaram irritados.
A ideia de terem Portugal a combater do seu lado causava-lhes uma repugnância absoluta. A diplomacia Inglesa chegava mesmo a pensar que tinha que suportar as despesas de intervenção Portuguesa vistas as dificuldades da pequena República. Desagradava-lhe ainda ficar limitada com compromissos com Portugal em eventuais negociações de paz.

Churchill aliás achava mesmo que se deveria preferir a aliança de Espanha, e até mesmo facilitar a anexação de Portugal, se fosse essa a condição para ter os Espanhóis do lado Inglês. Mas...

Por detrás do menosprezo estava uma realista avaliação estratégica de Portugal: a única coisa importante para a Inglaterra era que Portugal só tinha valor estratégico para a Alemanha, caso esta pudesse estabelecer uma esquadra no Tejo. Por isso o único interesse que a Inglaterra tinha em relação a Portugal era mante-lo neutral.

No entanto, em Setembro de 1914, o desgaste dos Aliados levou o comando Francês a interessar-se pelo que Portugal pudesse oferecer em Artilharia e Infantaria.

Foi assim que Grey, sem qualquer entusiasmo, convidou o Governo Português, a 10 de Outubro, a juntar-se aos aliados. Em Fevereiro de 1916, Costa conseguiu finalmente amarcar á Inglaterra uma "nota verbal" em que se reestabelecia o convite de 10 de Outubro de 1914. As causas foi a ânsia inglesa de se apoderar dos barcos alemães refugiados em portos Portugueses e o direito de Portugal (ao combater activamente no Conflito) participar na futura Conferência de Paz que regularia a organização da sociedade europeia e mundial no Pós-Guerra.

Segunda Guerra Mundial

Imediatamente após o ataque Alemão á Polónia, um Portugal mais "organizado" e mais "ciente" define a sua politica de Neutralidade numa nota oficiosa a 1 de Setembro de 1939.

Então as diferenças das duas guerras assentavam em:
- Uma declaração «unilateral« de neutralidade, isto é, uma tomada de posição da iniciativa de Lisboa, ainda que com consulta ao Foreign Office, mas não por sugestão deste ou em resposta a um pedido nesse sentido de um Governo sem saber que atitude adoptar, como acontecera com o Ministério de Bernardino Machado, em Agosto de 1914.
- Uma declaração de neutralidade e não de «não beligerência», como também sucedera com o Governo Português na I Guerra. Ou seja um posicionamento de maior distância e autonomia relativamente á Grã-Bretanha. Mas, sobretudo no plano da guerra económica, sobejaria a margem da ambiguidade suficiente para o Governo Português - para desespero do Ministry f Economic Warfare Britânico - entender tal neutralidade de forma geométrica ou mais colaborante, ao sabor das conjunturas do momento, e, sobretudo, dos fabulosos negócios em perspectiva com ambos os campos beligerentes,

As caracteristicas e funções da neutralidade portuguesa, aliadas ao facto de, após a queda da França, em Junho de 1940, Portugal se transformar no porto pacífico de entrada e saída da Europa ocupada e em guerra, e a excepcional valorização estratégica das ilhas atlânticas (especialmente os Açores), conferiram ao Governo de Lisboa um papel e uma proeminência internacionais sem precedentes na história do País.

Em suma ganha-mos muito mais na Segunda que na Primeira e Salazar (inteligente) soube tirar, e muito bem os dividendos políticos internos desse período áureo, tendo a posição evoluído ao sabor das diversas conjunturas e fases da guerra e sob a pressão dos interesses contraditórios dos beligerentes.

Imagens: 1ª - Pintura de Sousa Lopes na Sala da Grande Guerra no Museu Militar
2ª - Cartoon - Portugal vende Volfrâmio á Alemanha

Fontes:
História de Portugal, 6º Volume, A Segunda Fundação, Circulo de Leitores
História de Portugal, 7º Volume, O Estado Novo, Circulo de Leitores
Portugal na Conferência da Paz, Paris 1919, José Medeiros Ferreira


09 abril 2010

Foram estes os homens que lutaram em 1914-18


Porque é o meu jornal preferido, recupero aqui uma notícia num evento onde marquei presença.

«A I Guerra Mundial foi particularmente dura para os portugueses. Nas trincheiras, pouco antes da derrota histórica de Abril de 1918, na batalha de La Lys, a situação era desesperada, o moral das tropas era baixissimo. A muito aguardada substituição dos soldados portugueses pelas tropas inglesas há muito que vinha sendo adiada. E a agitação política em Portugal não ajudava. Os soldados sentiam-se esquecidos na Flandres frente a um Exército alemão que avançava em direcção a eles.

Entre estes homens encontrava-se Arnaldo Rodrigues Garcez, fotógrafo, nascido em Santarém em 1885. Quando a guerra começou, Garcez já se tinha mudado para Lisboa, onde começara a trabalhar como freelancer para alguns jornais. Foi convidado para registar treinos militares dos soldados que se preparavam para partir para a frente de batalha e, mais tarde, seguiu o mesmo caminho, sendo enviado para a Flandres com o posto de “alferes equiparado” para fazer a cobertura fotográfica no teatro de guerra.

Mais de 100 destas fotografi as podem ser vistas até dia 22 no Palácio do Gelo Shopping, em Viseu, numa exposição organizada em conjunto com o Regimento de Infantaria nº 14. Trata-se de imagens recentemente reunidas pelo Exército Português para o livro Exército Português - Imagens da I Guerra Mundial.

São rostos e momentos que Garcez captou nas trincheiras e no meio dos campos de batalha, em França e outros países europeus. Depois do conflito ter terminado, em 1918 – e de os portugueses terem perdido dois mil homens, e terem ficado com 5000 feridos e 6000 prisioneiros – Garcez ainda permaneceu em França, onde fotografou as celebrações da vitória.

De regresso a Portugal, em 1921, acompanhou as cerimónias de transladação dos corpos do Soldado Desconhecido para o Mosteiro da Batalha. Arnaldo Garcez morreu em 1974 com 78
anos.»


In: Público, P2 , de 13-03-2009

08 abril 2010

O Fado do Cavanço

Nas Trincheiras Portuguezas: Em descanso


Numa noite de Outono de 1917, Cunha Leal, recentemente chegado ao sector português da Flandres, ouviu o famoso «fado do cavanço» cantado ás escondidas por três soldados do CEP. Entenda-se pelo pomposamente designado Corpo Expedicionário Português, designação imitar de BEF (British Expeditionary Force), cuja sigla (CEP) os espirituosos de Lisboa traduziam por «Carneiros de Exportação Portuguesa».

«Nesta vida de Cavanço
A cava, como se vê,
Se os boches dão um avanço
Cava todo o CEP



Fontes:
História de Portugal, 6º Volume, A Segunda Fundação, Circulo de Leitores
Imagem: Capa da Ilustração Portugueza II série, nº603, in Ilustração Portuguesa

16 março 2010

De Portugal a França


Primeira Guerra Mundial
CEP
-França-

Na hora da partida. A ultima mão cheia de castanhas.

Apoz desembarque. A primeira sopa no meio da neve.

Na amurada d'um transporte, os portuguezes sorriem á vista da terra Franceza.


A "Portugueza" em França. 15º abaixo de zero.


In: Portugal na Guerra, Revista Quinzenal Ilustrada, nº1, 1917 [Hemeroteca Municipal de Lisboa]

10 março 2010

A Preparação do Soldado Portuguez

Primeira Guerra Mundial
CEP
-França-



Munidos com as mascaras especiaes, os soldados portuguezes penetram na casa dos gazes.

O emprego da mascara contra os gazes requer precisão e presteza. Os nossos soldados adextram-se em conjunto.

O final dum exercício de ataque á bayoneta.

Os nossos soldados começam a esgrima de bayoneta, logo de manhã cedo.

Um sargento instructor explica o emprego das granadas de mão.


Fotografias de Arnaldo Garcez (provavelmente, e como indica o boletim informativo da revista onde foram publicadas).

In: Portugal na Guerra, Revista Quinzenal Ilustrada, nº4, 1917 [Hemeroteca Municipal de Lisboa]

02 fevereiro 2010

Portugal na Guerra

imagem: o nº 1 da revista

«Revista Quinzenal Ilustrada inicia a sua actividade a 1 de Junho de 1917, publicando na totalidade 6 números, encerrando a sua publicação em Novembro de 1917. Foi seu director, Augusto Pina, secretário de redacção, José de Freitas Bragança, e teve como principais jornalistas Mayer Garção, Alfredo de Mesquita, José Paulo Fernandes e o colunista, Capitão X, que por motivos óbvios mantém sigilosa a sua identificação. Portugal na Guerra apresenta-se aos leitores como uma revista do Corpo Expedicionário Português na I Grande Guerra Mundial, nos palcos da Europa, contando com a «colaboração literária dos mais notáveis escritores portugueses e estrangeiros, cartas dos principais capitães do mundo, colaboração artística dos maiores artistas portugueses» e um «serviço fotográfico especial junto das tropas portuguesas em França a cargo de Arnaldo Garcez» e com «correspondente fotográfico em Portugal, Alfredo Lima». «O título desta publicação é já o título de um capítulo da história de Portugal. Quando, mais tarde e não muito tarde porque a história está cada vez mais impaciente por palavra que há-de designá-lo, a sua pena involuntariamente escreverá - Portugal na guerra. Assim, nós, a empreendermos esta publicação destinada a documentar a intervenção militar dos portugueses na maior conflagração de que à memória na história da humanidade, não encontramos designação que melhor lhe conviesse.

As razões do nosso empreendimento contêm-se na própria magnitude do acontecimento que o inspira». «Mas se a guerra em si mesma é um facto de consideráveis proporções, em relação à história do mundo, a guerra que nós próprios vamos fazer com os nossos soldados, em campos de batalha comuns, é, em relação à nossa historia, um acontecimento de tamanha grandeza que podemos considerá-la único nos anais da nacionalidade». «Esse momento nos propomos fixar nesta publicação, destinada como já dissemos, a documentar o esforço militar de Portugal na presente guerra, mas destinada também, se isso for possível, a manter elevado o espírito nacional, pelo exemplo glorioso dos seus». O número 1 de Portugal na Guerra apresenta igualmente como artigos principais a primeira proclamação às tropas portuguesas do General Tamagnini, bem como a reprodução da primeira página da declaração de guerra da Alemanha a Portugal.

A campanha militar portuguesa na frente de combate merece destaque especial nas páginas desta revista, com a crónica “Diário de Campanha do Capitão X”. O número 2 apresenta textos assinados por Mayer Garção, J de F. B., Alfredo Mesquita, José Paulo Fernandes e o Capitão X, destacando as noticias sobre o corpo expedicionário português em França, bem como aqueles políticos franceses que considera como amigos de Portugal, no caso Henri Lavaden. Os números seguintes darão a conhecer aos leitores portugueses homens como Raymond Poincaré, Paul Adam, o General Leman, juntamente com artigos do Capitão André Brun, sobre a situação na frente das linhas portuguesas e o moral das tropas. A viagem do Presidente da República, Bernardino Machado, as suas visitas e encontros em Paris e na retaguarda da frente de combate, são a preocupação central dos dois últimos números da revista, em reportagem do enviado especial da revista, José Bragança.»


In
: Hemeroteca Municipal de Lisboa (HML) I Ficha Histórica I Luís Filipe Figueiredo

15 dezembro 2009

Desenhos do Livro: "I was there" with the Yanks in France.

“I WAS THERE”

WITH THE YANKS
ON THE WESTERN FRONT
1917-1919

BY C. LEROY BALDRIDGE
PVT. A. E. F.

(extractos do livro/clicar para ampliar )




















Desenhos Fantásticos!

Em: The Project Gutenberg
Livro completo, aqui!