26 maio 2010

Cartazes - Primeira Guerra Mundial

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A guerra de munições, como a Grã-Bretanha mobilisou as sua industrias.
Cartaz de produção britânica em língua portuguesa. - Reprodução litográfica. - BN - 300 Anos do cartaz em Portugal. Lisboa, 1975, nº 193

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

Título impresso na margem superior, ilegível, quase totalmente cortado. - Provável propaganda da preparação do C.E.P.. - Data segundo análise iconográfica e entrada de Portugal na I Guerra Mundial. - Impressão litográfica. - BN - 300 Anos do cartaz em Portugal, 1975,, n.º 133, referido com diferente data e sem a conotação acima indicada. - Em grande plano, sobre círculo limitando relvado onde correm dois jogadores sob céu vermelho, jogador de futebol, equipado mas apresentando ligadura num joelho e luva correctora numa mão, prepara-se para chutar a bola; em 2º plano, soldados e marinheiros, em formatura frente a frente, junto a costa onde se procede a desembarque de navio de guerra

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

PORTUGUESES, HONREMOS A MEMORIA DOS NOSSOS HEROIS!
- A batalha de La Lys, também conhecida por batalha de Armentières, foi a principal participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial, 1914-1918--[Cartazes]

Guerra Colonial - Frases

« Pai nosso que estais no Céu:
protegei-nos dos erros da nossa artilharia e da nossa aviação.»

sarcasmo dos soldados portugueses nos primeiros tempos da guerra em Angola

« Só nos faltava mais essa desgraça.»

Salazar, em 1963, quando lhe comunicam que se fez uma grande descoberta subterrânea em Cabinda.

«Vou passar cinco contos a Luanda» (e não «cinco dias»)

assim se dizia nas matas, a permanência de licença na cidade durava enquanto o dinheiro dura-se

«... porque uma camioneta era mais necessária e mais cara do que um homem um filho faz-se em cinco minutos e de graça não é verdade uma viatura demora semanas a atarraxar parafusos...»

«... prezado doutor Salazar se você estivesse vivo e aqui enfiava-lhe uma granada sem cavilha...»

António Lobo Antunes, Os Cus de Judas

« Vinha-mos nas calmas, meus netos, subindo a rampa, a seguir á ponte, assim meio adormecidos numa guerra onde nunca nos tinha acontecido nada, porque naqueles tempos as guerras eram assim, nunca nada acontecera e tudo acontecia de repente.»

João de Melo, Autópsia de um mar de ruínas

In: Os anos da Guerra 1961-1975, os Portugueses em África, Org: João de Melo.

18 maio 2010

A Rota do Ouro Nazi - Canfranc



«Canfranc podia ser a cena de um filme como Casablanca, embora a história dessa travessia de fronteiras durante a Segunda Guerra Mundial ainda está por se escrever. A rota do ouro nazi para a Península Ibérica, a presença das SS e da Gestapo, a porta para a fuga de muitos judeus e até dos vencidos alemães, e os episódios de contra-espionagem dignos de um romance de John Le Carré. Tudo isto aconteceu em Canfranc entre 1942 e 1945.

A Alfandega internacional foi reaberta após ter sido fechada durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) para impedir uma invasão de França. Pouco depois, em 1942 e 1943, viveu uma actividade que nunca mais foi a mesma até ao seu encerramento em 1970. A suposta neutralidade da Espanha durante o conflito que resultou num período de turbulência na Europa vai chegar para movimentar 1.200 toneladas de mercadorias por mês na rota Alemanha-Suíça-Espanha-Portugal, entre elas 86 de ouro nazi, roubado aos judeus.

Alemanha controlou a Alfandega internacional de Canfranc durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com um grupo de oficiais da SS e o membros da Gestapo, que viviam no hotel da estação e numa cidade próxima. A Espanha não estava em guerra, mas Franco tinha uma posição de não-beligerância 'sui generis'. Devia devolver a ajuda que Hitler lhe deu na guerra Civil o que se traduziu no envio de toneladas de Volfrâmio de minas na Galiza, um mineral essencial para proteger os seus tanques e canhões. Muitas dessas explorações foram abertas por empresas alemãs que operavam em Espanha através da Sociedade Sofindus(Sociedade Financeira Industrial), uma holding alemã muito bem relacionado com Demetrio Carceller, diretor do Instituto Espanhol de Moeda Estrangeira (IEME), o único órgão que poderia comprar ouro...

Os "Documentos de Canfranc", cujo conteúdo Herald revelou esta semana, provando que em troca do apoio estratégico para o prolongamento da guerra, a Espanha recebeu, no mínimo, 12 toneladas de ouro e 4 de ópio, enquanto Portugal atingiu 74 toneladas de ouro, quatro de prata, 44 armas, 10 relógios e outros itens, o resultado da pilhagem dos judeus. Esses dados podem ser apenas a ponta do iceberg. Os originais desses documentos, enviados para o chefe de tráfego de mercadorias de Madrid, não existem. Portugal foi a porta de entrada de mercadorias da América do Sul e, no final da II Guerra Mundial, a saída de muitos alemães que encontraram refúgio na Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai. Por isso, recebia mais ouro.
"Havia queijos da Argentina, com uma pele muito espessa para suportar a viagem ou o açúcar que chegava a Lisboa", recorda Julio Ara.

Em Irun e Port Bou os nazis permaneceram no outro lado da fronteira, na França ocupada, mas em Canfranc viviam do lado espanhol na estação, localizada na Espanha, havia dupla jurisdição.

Concertos na estação

«Os alemães viviam na estação e realizavam concertos de piano na sala de jantar. Eles eram muito educados. Dançavam Valsa com as meninas de Canfranc e ofereciam-lhes chocolates. Eles eram engenheiros ou químicos e nós ignorantes que tínhamos muita fome durante a guerra, confessa um vizinho de Canfranc que na altura teria 14 anos e agora prefere manter-se no anonimato. Se alguma história de amor foi idealizada, como em Casablanca, não perdurou.

"Embora estivessem a servir no lado francês não havia nenhum problema a passar para o lado espanhol. Alguns viviam na pousada Marraco. Havia seis oficiais fixos e outros á paisana da Gestapo, mas às vezes chegavam grupos de vinte soldados uniformizados que vinham da frente para descansar", acrescenta.

Os vizinhos de Canfranc, abalados ainda pelos efeitos da Guerra Civil fugiram para França, mas agora não podiam atravessar a fronteira. Precisavam de um Salvo Conduto. "Desde Anzánigo, era uma área impermeabilizada", diz um vizinho. Um dos documentos "Canfranc", datado de 24 de maio de 1940 e assinado pelo super intendente da Unidade de Pesquisa e Vigilância, disse que "todo aquele que vivia na área a partir de 18 de Julho de 1936 devia apresentar-se num prazo de oito dias na Esquadra com a relação dos que viviam em sua casa, com os certificados das pessoas e empresas. "O não cumprimento levava ao regresso forçado á sua antiga residência ", avisa.

Os Carabinieri, a Guardia Civil e os oficiais SS eram inflexíveis com o roubo de bens, como relógios, que eram transportados para Portugal. "Roubaram uma caixa e eles procuraram-na. Um rapaz chegou a ser enforcado e outro multado em muito dinheiro ", contam em Canfranc.

A falta de liberdade de movimento juntava-se á fome mitigada pelas mercadorias que eram descarregadas. O salário médio de um trabalhador era de 200 pesetas por mês. Então, sempre se desviava alguma coisa dos comboios para casa. "Sacavam-se latas de sardinha, açúcar, óleo, café ou vinho que enviavam os portugueses da Madeira. Menos mal, pois passava muitas mercadorias e podíamos levar umas coisas, porque havia muita fome ", diz Daniel Sanchez, 87 anos, um dos poucos canfraneros que pode contar que carregou caixas com lingotes de ouro ás suas costas.

O ouro nazi chegava por comboio a Canfranc de acordo com os documentos descobertos pelo francês Jonathan Diaz na estação em novembro do ano passado, após a gravação de um anúncio da loteria de Natal. Entre julho 1942 e dezembro de 1943 atingiu 45 comboios, seis deles com destino a Espanha ("importação" aparece no papel) com 12 toneladas de ouro, e o resto do "trânsito" com destino a Portugal, que recebeu 74 toneladas de metais preciosos. Daniel descarregava o ouro dos comboios suíços pela ponte internacional e colocava-o em camiões suiços que se encarregavam de leva-lo para Madrid e Portugal, através das fronteiras de Badajoz, Valencia de Alcántara e Fuentes de Oñoro.

O historiador Pablo Martín Aceña, director da comissão espanhola que investigou as compras de ouro nazi pela Espanha, disse que a Península Ibérica recebeu estes carregamentos até agosto de 1945, por Hendaya, Port Bou e Canfranc, mas não sabe em que proporção.«Os serviços de inteligência dos aliados contabilizaram 135 saídas da fronteira franco-suíça de Bellegarde para a Península Ibérica», aponta.

Estes comboios transportavam "um total de 300 toneladas ". Portugal comprou muito ouro que saiu da Bélgica e Holanda. O que foi recebido por Espanha (IEME), é evidente a partir das contas que foram investigadas no Reichbank, o Banco Nacional Suíço e o IEME. Outra coisa é que as empresas espanholas na Alemanha cobraram em ouro e depositaram-no em Londres ou Zurique. Calcula-se que 20 toneladas de ouro entraram em Espanha pela troca de Volfrâmio ", assinala Martin Aceña.
Esse Volfrâmio que ainda pode ser visto, 60 anos mais tarde, no cais e nas vias mortas da estação de Canfranc.
Portugal e Espanha exportaram esse minério para a Alemanha, no entanto, em 1944 os aliados pressionaram o regime de Franco e de Salazar parar com as exportações, a fim de acabar com a guerra.» 1

A ultima Visão História (nº8, Portugal e a II Guerra Mundial) escreve também algo muito interessante sobre o tema, referindo-se que muito do ouro vindo para Portugal foi "comprado" pelo Santuário de Fátima entre outros pormenores dos quais se cita o seguinte:

«Os negócios entre o Portugal de Salazar e a Alemanha de Hitler ainda escondem mais do que revelam. E a versão oficial da "Comissão Soares" sobre o ouro nazi deixou uma série de pontas soltas. Lentamente, porém, segredos comprometedores vieram à tona...»

Do livro "Portugal e o Plano Marshall" da historiadora Fernanda Rollo também se extrai o seguinte:

Na ponderação das condicionantes que terão contribuído para determinar a atitude de Portugal em dispensar inicialmente auxílio Marshall colocava-se ainda outro problema: a questão do ouro alemão, cuja legitimidade de posse, tal como referia o Ministro das finanças no Parecer datado de 27 de Agosto de 1947, nos era contestada.

Permanecem porém, muitas divergências quanto á quantidade recebida de ouro "sujo" por parte de Portugal.


Bibliografia:

"Portugal e o Plano Marshall", Fernanda Rollo, Editorial Estampa
1. El oro de Canfranc, Ramón J. Campo - Recomendado
Tejiendo el mundo
- Canfranc

04 maio 2010

Propaganda - Guerra Colonial

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Os Serviços de Acção Psicossocial surgiram muito tarde no calendário da guerra. Para as nossas tropas, a APSIC preocupava-se com a assistência religiosa e os «espectáculos de variedades». Em relação ao inimigo, as armas eram a propaganda e contrapropaganda, a informação e contra-informação. «Bombardeavam as populações com mensagens sonoras, emitidas de altifalantes montados em aviões, e escritos em panfletos bilingues, como as imagens acima.


In: Marcas da Guerra Colonial, Jorge Ribeiro, Campo das Letras