25 novembro 2010

Casa da Tulha


Enquadramento

Rural, isolado, no interior de recinto murado que limita a E. com EM, para onde tem a fachada principal, e dos outros lados com terrenos agrícolas; no interior do recinto, do lado SO., tem outra casa rural de dois pisos, paredes de granito, em mau estado de conservação; implanta-se na encosta sobranceira ao vale do rio Caima, à entrada do principal núcleo de casas da sede da freguesia.

Descrição

Planta trapezoidal composta por volume único com cobertura em telhado de 3 águas. Alçados de 2 pavimentos em dois dos lados (N. e O.) e de 1 pavimento do lado E., que é o principal, onde o piso inferior adossa ao declive do terreno, e do lado S., onde existe apenas o piso inferior. Paredes de alvenaria de granito. Fachada principal com portal moldurado, de entablamento, cartela sobre a verga da porta e o friso do entablamento, com data ilegível e decorada por motivos de concheado; remate com fogaréus sobre pedestais, decorados numa das faces com florão, que enquadram cruz sobre pedestal, no qual tem esculpidos os signos papais da tiara pontifical sobreposta a duas chaves cruzadas; pano de parede à direita com segundo portal, simples, que partilha degrau com o primeiro; pano de parede à esquerda, recortado superiormente pela empena do telhado e breve recuo no flanco sobre o qual tem outro portal simples. Fachada N. com escada adossada de granito, no primeiro piso, e alpendre com grande arco de volta plena sobre pés-direitos salientes, para onde abre porta moldurada; no piso superior, ao lado esquerdo, tem alpendre sob telhado, com guarda de balaustrada de granito, para onde abrem porta moldurada ladeada de pequena janela; ao outro lado, sobre o arco do piso inferior, abre-se na parede óculo circular moldurado. Alçado O. com vão rectangular ao lado esquerdo do primeiro piso, abrindo para o alpendre, e porta simples ladeada de fresta vertical, junto do flanco da direita; duas janelas no piso superior, de peito e moldurada a que encima o vão rectangular sendo a colocada à direita também moldurada mas de avental e de duas mísulas aos lados. INTERIOR: porta moldurada, com a padieira recortada e enrolamentos aos centro, abrindo para o alpendre do piso superior; neste piso, sala ampla, com janela de conversadeiras, que mostra ter sido anteriormente dividida tendo metade do espaço coberto por tecto artesoado de plano octogonal, com duas séries de caixotões trapezoidais de madeira convergindo ao centro num octogono, enquanto a outra metade exibe tecto simples de madeira; pavimento de soalho; no piso inferior lagar com prensa de madeira.



Cronologia

1760, antes de - construção do corpo original da casa de dois pisos e planta trapezoidal; 1760 - adaptação para dependência do Mosteiro de Arouca como tulha ou celeiro destinada a recolher e guardar os foros das terras da freguesia e que eram foreiras do mosteiro tendo sido ampliado do lado NE. e construído o portal decorado; séc. 19 ou 20 (conjectural) - ampliação do lado SO. para instalação de lagar; 1992 - pedido de classificação como imóvel de valor concelhio ao IPPAR pela Câmara Municipal de Vale de Cambra; 1995 - o proprietário Adelino Soares de Oliveira (Cepelos, Vale de Cambra) propõe à CMVC a compra por 2000 c.; 1996, 22 de Fevereiro - contrato de compra e venda; 1996 - obra de recuperação proposta à ADRIMAG; 1996, 18 de Dezembro - foi aprovado o projecto de obra pela ADRIMAG; 1997, 3 de Junho - parecer do IPPAR; 1997 - abertura do concurso público da obra; 2000, Junho - foi proposta em reunião de Câmara a transformação da Casa da Tulha em anexo da Biblioteca Municipal e em núcleo museológico etnográfico.



Tipologia

Arquitectura civil, barroca. Celeiro e lagar de planta quadrangular, volume único e alçados de 2 pisos com paredes de alvenaria de granito. Alçado principal com portal moldurado, de entablamento, cartela decorada por motivos de concheado e remate com fogaréus que enquadram cruz; no interior, porta moldurada com a padieira recortada e com enrolamentos aos centro, tecto artesoado de plano octogonal com caixotões de madeira e lagar com prensa de madeira.



Características Particulares

Foi dependência do Mosteiro de Arouca enquanto tulha ou celeiro destinada a recolher e guardar os foros das terras da freguesia e que eram foreiras do mosteiro.



Intervenção Realizada

Camara Municipal de Vale de Cambra: 1999, Outubro - início da obra; 2000, Abril - conclusão da obra que inclui a renovação das coberturas (telhado e vigamentos), caixilharias, tectos e soalhos (mantendo-se as madeiras antigas), limpeza e restauro das cantarias e elementos arquitectónicos, renovação da rede eléctrica, construção de uma instalação sanitária e arranjos exteriores.

Fonte: monumentos.pt - Paulo Dordio, 2001