Os alvos da operação incluíam membros do grupo terrorista palestiniano Setembro Negro, que foram responsáveis pelo ataque de Munique, e membros da Organização de Libertação da Palestina (OLP), tambem acusada de estar envolvida. Com o aval da primeira-ministra israelita Golda Meir, no Outono de 1972, a operação começou e pode ter continuado por mais de 20 anos.
Durante esse tempo, unidades encobertas de assassinos israelitas mataram dezenas de conspiradores suspeitos em toda a Europa, incluindo o assassinio de um inocente (por engano) em Lillehammer, na Noruega, que ficou conhecido como o caso Lillehammer. Um assalto militar adicional foi lançado pelo exército israelita no interior do Líbano para matar vários alvos palestinianos de alta "patente". Essa sequência de assassinatos estimulou ataques de retaliação pelo Setembro Negro contra uma variedade de alvos do governo de Israel em todo mundo. Ouve tambem muitas críticas a Israel sobre a sua escolha de alvos, tácticas de assassinio e de eficácia. Devido à natureza secreta da operação, alguns detalhes são verificáveis para além de uma única fonte, incluindo a história de um israelita que afirma ter liderado um esquadrão da morte.
Várias denominações surgiram para os grupos formados pela Mossad, que realizaram a campanha de assassinios. É possível que diferentes grupos fossem formados para objectivos diferentes, e estes existem em diferentes períodos de tempo, o que pode explicar a grande variedade de relatórios. Certeza existe unicamente sobre os assassinatos que de facto ocorreram, embora a informação seja baseada em fontes limitadas.
Sabe-se também que o agente da Mossad, Michael Harari levou à criação e direcção das equipas, embora algumas podiam não estar sempre sob a responsabilidade do governo. Simon Reeve, explica como consistia uma equipa da Mossad:
... quinze pessoas divididos em cinco pelotões: "Aleph": dois assassinos treinados; "Bet": dois guardas que seriam a sombra dos "Alephs"; "Hete": dois agentes, que cobriam o restante da equipa alugando quartos de hotel , apartamentos, carros, e assim por diante; "Ayin," que inclua, entre seis e oito agentes que formavam a espinha dorsal da operação, o sombreamento de provas e criava todas as rotas de fuga para os "Alephs" e para os "Bet"; "Qoph", dois agentes especializados em comunicações.
Uma outro testemunho totalmente diferente, no livro Vengeance (A Vingança), afirma que o conjunto da Mossad, uma unidade de cinco homens de pessoal treinado que operou na Europa estava fora do controlo directo do governo, e que as suas comunicações eram feitas apenas com Harari.
Principais Operações
1972
A primeira morte ocorreu a 16 de outubro de 1972, quando o palestiniano Wael Abdel Zwaiter foi baleado 11 vezes no seu apartamento em Roma. Dois agentes israelitas esperaram-no quando este voltava de jantar e, após os disparos foram levados para uma casa segura. Israel acreditava que Zwaiter era o representante da OLP em Itália, e que este era um membro do Setembro Negro e estava envolvido num plano fracassado contra um avião da El Al, membros da OLP alegaram que ele não estava de nenhuma forma conectado e que este era totalmente contra o terrorismo.
O segundo alvo da Mossad foi o Dr. Mahmoud Hamshari, que era o representante da OLP em França. Usando o disfarce de jornalista um agente da Mossad conseguiu uma entrevista no seu apartamento em Paris para permitir que uma equipa de explosivos conseguisse instalar uma bomba debaixo da mesa de telefone. Em 8 de dezembro de 1972 ocorreu o atentado mas Hamshari não foi imediatamente morto pela explosão, mas morreu ao cabo de um mês, dos ferimentos. Israel escolheu-o como alvo, porque acreditava que ele era o líder do Setembro Negro na França.
1973
Na noite de 24 de janeiro de 1973, Hussein Al Bashir, o representante da Fatah no Chipre, desligou as luzes do seu quarto de hotel em Nicósia. Momentos depois, uma bomba colocada debaixo da cama pela Mossad remotamente controlada foi detonada, matando o alvo e destruindo totalmente o quarto. Israel acredita que ele fosse o chefe do Setembro Negro no Chipre, embora uma outra razão apontada para o seu assassinato fosse os seus vínculos estreitos com o KGB.
Paris, 6 de abril de 1973, Dr. Basil al-Kubaissi, professor de Direito na Universidade Americana de Beirute, suspeito de fornecer armas e logística para o Setembro Negro, bem como estar envolvido em outros assuntos palestinianos, foi morto a tiro quando voltava para casa de jantar. Como em assassinios anteriores, foi baleado 12 vezes por dois agentes israelitas.
Ali Hassan Salameh
A Mossad continuou no cerco a Ali Hassan Salameh, apelidado de "Príncipe Vermelho", que era o chefe da «Força 17» (Unidade de Elite da Autoridade Nacional Palestiniana) e um dos mais importantes operativos do Setembro Negro sendo considerado por Israel o cérebro do massacre de Munique. Essa crença foi contestada por altos funcionários do Setembro Negro.
Quase um ano depois de Munique, a Mossad acreditava que tinha finalmente Salameh localizado na pequena cidade norueguesa de Lillehammer. A 21 de Julho de 1973, no que viria a ser conhecido como o caso de Lillehammer, uma equipa de agentes da Mossad matou (com informações falas) Ahmed Bouchiki, um garçon marroquino não relacionado com o ataque de Munique nem com Setembro Negro. Seis agentes da Mossad, incluindo duas mulheres, foram capturados pelas autoridades norueguesas, enquanto outros, incluindo o líder Mike Harari, conseguiu fugir para Israel. Cinco dos capturados foram condenados por assassinio e presos, mas foram libertados e voltaram para Israel em 1975. Victor Ostrovsky considera que o proprio Salameh foi crucial ao conduzir a Mossad para fora do seu curso, dando as informações falsas sobre o paradeiro dele.
Vengeance (A vingança)
O livro Vengeance 1984 (A vingança): A Verdadeira História de uma Equipa Contra-Terrorista Israelita, do jornalista George Jonas, conta a história de um esquadrão de morte israelita do ponto de vista de um agente da Mossad e ex-líder de um esquadrão, Avner. Avner desde então tem sido revelado como um pseudônimo para Yuval Aviv, um israelita que agora dirige uma agência de investigação privada, em Nova Iorque, no entanto este não confirma esta tese. Após a sua publicação em 1984, o livro tornou-se um best-seller.
Desde o seu lançamento, dois filmes foram baseados em Vengeance. Em 1986, Michael Anderson dirigiu o filme HBO Sword of Gideon. Steven Spielberg lançou um segundo filme baseado no livro, em Dezembro de 2005, intitulado Munique. Ambos os filmes usam pseudônimo Yuval Aviv Avner para terem uma certa "licença artística".
"Avner" era um vulgar agente da Mossad quando, com apenas vinte e seis anos de idade, foi pessoalmente escolhido por Golda Meir para liderar uma equipa de agentes especializados, com a missão de localizar, perseguir e eliminar os responsáveis pelo massacre de onze atletas israelitas, perpetrado durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. "Munique – A Vingança" é a espantosa descrição de que como toda essa operação foi montada, e revela o modo impiedoso e extraordinariamente eficaz como o grupo levou a cabo essa sua missão, perseguindo os seus alvos palestinianos e executando-os com timings perfeitos. Trata-se de um relato profundamente humano, uma história real de espionagem que leva o leitor a entrar no obscuro mundo do terrorismo e política internacional. Mas este livro torna também evidente a outra face dessa mesma moeda: o terrível paradoxo que emerge sempre que aqueles que detêm o poder resolvem enfrentar o terrorismo utilizando as mesmas tácticas.
Filme MUNICH
Munich é um filme de 2005 realizado por Steven Spielberg sobre os acontecimentos que se seguiram ao Massacre de Munique de 1972. Ele segue um equipa da Mossad que tem por missão caçar e matar os arquitectos do Setembro Negro responsáveis pelo assassinato dos atletas israelitas e o fardo que isso foi para a equipa. O filme é parcialmente baseado no livro Vengeance ( Vingança) de George Jonas. O Filme foi indicado para cinco Óscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador. Foi também indicado para dois Globos de Ouro, incluindo o de Melhor Realizador.
Um comentário:
O livro de ERIC FRATTINI intitulado MOSSAD-os carrascos do Kidon narra ações espetaculares envolvendo os serviços secretos israelenses e conta detalhes das operações especiais que houveram! Uma dessas, citada como prioritária descreve-se abaixo;
"Também conhecido como “Príncipe Vermelho”, Hassam Salameh era uma das pessoas mais próximas de Yasser Arafat e seu provável sucessor no comando da OLP. Era, também, um dos líderes do Setembro Negro e um dos mentores do plano para atacar a Vila Olímpica. Foi o terrorista mais procurado pelo Mossad e levou anos para ser encontrado. O Príncipe Vermelho teria orquestrado uma tentativa de assassinato da primeira-ministra Golda Meir, quando esta iria encontrar com o papa Paulo IV no Vaticano. O extremistas do Setembro Negro queriam disparar mísseis portáteis de fabricação soviética contra o avião que levaria a chefe de governo israelense quando este decolasse do aeroporto de Roma. Mas a Santa Aliança — serviço secreto do Vaticano — e o Mossad frustraram tal plano. Os kidon mataram os terroristas posicionados nos arredores do terminal aéreo da capital italiana antes que cometessem o atentado.
Em 1979, depois de muita investigação que envolveu as principais agências de inteligência do Ocidente, o Mossad conseguiu emboscar Salameh. Por volta das 15h45 do dia 22 de janeiro do mesmo ano, o Príncipe Vermelho trafegava numa Land Rover com sua escolta armada, numa Chevrolet Wagon. Ao adentrar uma rua de Beirute, capital do Líbano, Salameh teria seus últimos minutos como líder terrorista. Neste momento, quando o comboio se aproximou de um Volkswagen Golf de cor azul, um kidon escondido em um apartamento próximo apertou um botão vermelho que acionou um dispositivo explosivo implantado dentro do carro. Salameh desapareceu numa enorme e destruidora bola de fogo. Pedaços de vidro e ferros contorcidos se misturaram a membros humanos espalhados pela rua.
Por fim, sete anos após a matança dos atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972, aquele que foi o líder supremo da organização terrorista Setembro Vermelho tinha sido alcançado pelo longo braço da justiça de Israel. Na mesma noite da morte de Salameh, em Tel Aviv, vários líderes do governo e dos serviços de inteligência brindavam o êxito da Operação Ira de Deus e da Operação Príncipe Vermelho. “O olho por olho, dente por dente” foi cumprido.
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