25 maio 2009

A Brigada do Minho

4ª Brigada de Infantaria
(do Minho)
La Lys
«A 4ª Brigada de Infantaria que desde 7 de Fevereiro do corrente ano de 1918 guarnecia e tinha a seu cargo a responsabilidade do sector de "Fauquissart", tendo a cooperar com ela tacticamente o 6º Grupo de Metralhadoras Pesadas e as 4ªs baterias de morteiros médios e morteiros pesados, tinha as suas forças distribuídas no referido sector no dia 8 de Abril da seguinte forma:

Batalhão Infantaria 20: com sede do comando em Temple-Bar, ocupava o S.S.1. (Fauquissart I) com 3 companhias na 1ª linha e uma em apoio.

Batalhão Infantaria 8: com a sede do comando em Hyde-Park, ocupava o S.S.2. (Fauquissart II) com 3 companhias em 1ª linha e uma em apoio.

Batalhão Infantaria 29: com sede do comando em Red-House, constituia o apoio dos batalhões em primeira linha, tendo as suas companhias distribuídas pelos postos de apoio da 2ª linha.

Batalhão Infantaria 3: com sede do comando em "Laventie" constituia a Reserva tendo todas as companhias acantonadas nesta posição.

Morteiros médios e pesados, 4ª B.M.L., grupo de metralhadoras pesadas, achavam-se distribuídos pelas respectivas dos dois sub-sectores.

A 4ª Brigada de Infantaria ligava-se no seu flanco direito com a 6ª Brigada de Infantaria e no flanco esquerdo com uma Brigada Escocesa (119ª Brigada da 40ª Divisão Britânica) que havia dias ocupava o sector de "Fleurbaix", vinda da ofensiva do "Somme" de 21 de Março. O efectivo da brigada achava-se extremamente reduzido, pois em principio de Abril faltavam-lhe em pessoal e animal, para o seu completo, aproximadamente 51 oficiais, 1300 praças e 85 solípedes, o que era devido não só ás baixas que dia a dia a brigada vinha sofrendo nas operações com o inimigo nas ainda ao rigor do clima a que os Portugueses não estavam habituados e ao violentos e árduos trabalhos que sem descanso eram exigidos ás tropas da Brigada, desde que seguiu da zona da retaguarda para a frente em 21 de Julho de 1917, primeiro para instrução em 1ª linha por enquadramento sucessivo de companhias, e depois de batalhões sem e com responsabilidade, nos sectores ocupados por tropas inglesas desde "Fleurbaix" a "Armentiére" e em "Beuvry" depois nas reparações do sector "Neuv-Chapelle", ocupado pela 2ª Brigada, durante o período intensivo de instrução no mês de Agosto e parte de Setembro de 1917.»

Desde 7 de Fevereiro a 4ª Brigada ocupa o sector de "Fauquissart", onde rendeu a 6ª Brigada de Infantaria, ficando neste até ao dia 9 de Abril em que se deu a ofensiva alemã contra a frente Portuguesa.

Durante todo este período de tempo, comportaram-se as tropas da Brigada sempre de molde a merecer o elogio e louvor das instâncias superiores, quer Portuguesas quer Inglesas, repelindo com energia todos os "raids" e ataques inimigos e tendo evidenciado sempre uma alto espírito ofensivo. No entanto as poucas horas de descanso, o tardar da rendição e os fortes e constantes ataques do inimigo levou a um evidente cansaço e fadiga física das tropas.

Gráfico da permanência nas linhas das brigadas da 2ª Divisão

9 de Abril

«Foi sem dúvida na esquerda da linha, no sector de Fouquissart, guarnecido pela Brigada do Minho, que mais incarniçada foi a luta. Ao mesmo tempo que, na batalha, morreram 22 officiaes das tropas d'este sector, sendo 15 de Infantaria, 4 de metralhadoras, 2 de morteiros e 1 d'artilharia (...)» 1

«Tendo um efectivo reduzidíssimo e ocupando uma área de entrincheiramentos excessivamente grande, sem abrigos suficientes para pessoal, quer pelo seu restrito número, quer pela sua resistência, sob a acção do mais terrível e mortífero fogo de metralha, vomitado por centenas e centenas de canhões e morteiros, a Brigada sacrificou-se no seu pôsto de honra, segundo as ordens recebidas.» 2

«No lado esquerdo da 1ª linha portuguesa, guarnecido pela "Brigada do Minho", a luta foi mais violenta e, por isso, com maior numero de baixas: os alemães atacaram o lado esquerdo da "Brigada do Minho", zona fronteiriça com uma Brigada Inglesa, aproveitando as dificuldades de ligação e de comunicação aliada, inerentes a uma zona de junção de Brigadas de nacionalidades diferentes.

Os actos heróicos de resistência foram múltiplos na Brigada portuguesa que assistiu á morte e ao aprisionamento dos seus camaradas, num ritmo altamente destruidor e desmoralizador. Graças aos Minhotos, os alemães não cumpriram o seu objectivo: romper a linha aliada, através dos portugueses para atravessar o rio Lys.

Segundo António Rosas Leitão, a Infantaria 20 (originária de Guimarães), a Infantaria 8 (originária de Braga) e a Infantaria 3 (originária de Viana do Castelo) sofreram 60% das baixas, entre mortos, feridos e prisioneiros, dos seus efectivos, justificando a atribuição, após o final da I Guerra Mundial, de medalhas de valor militar e cruzes de guerra quer ás unidades da "Brigada do Minho" quer individualmente.»



IV Brigada, o Minho em nós confia
Seu nome honrado entrega em nossas mãos
E seu nome, que soou, de sempre, a valentia
Aos quatro batalhões, - unidos como irmãos
Tudo a mesma Família - há-de servir de guia
............................................................................
Canção da «Brigada do Minho»
França - Julho de 1917.


"Brigada do Minho", Ambleteuse, 1918

Bandeira da "Brigada do Minho"



*Pequeno resumo da participação da "Brigada do Minho" na I Guerra Mundial, para mais informações contactar o Blog*

_________________
1. General Fernando Tamagnini, "Os meus três comandos", Isabel Pestana Marques, Memórias do General 1915-1919

2.Eugénio Carlos Mardel Ferreira, Tenente-Coronel, 2º Comandante da 4ª Brigada de Infantaria


Bibliografia:

Memórias do General 1915-1919, Marques, Isabel Pestana, SACRE Fundação Mariana Seixas

Das Trincheiras, com Saudade, Marques, Isabel Pestana, A Esfera dos Livros

A Brigada do Minho na Flandres, Mardel, Eugénio, o 9 de Abril

24 maio 2009

Vale de Cambra

"Nas noites de luar, quando o grande balão de oiro surge na lomba das montanhas, o vale enche-se de magia, dum sortilégio que paira desde os píncaros longínquos às águas sussurrantes do Caima. De manhã é o milagre, todos os dias há um milagre de luz sobre a terra quando o sol nasce em Vale de Cambra."
Ferreira de Castro



«Situado num vale amplo, entre as margens esquerda do rio Caima e a direita do rio Antuã, numa zona de transição entre o litoral e o interior, o concelho de Vale de Cambra confina com os municípios de Arouca, Sever do Vouga, Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Oliveira de Azeméis. Apesar de ser essencialmente agrícola, tem vindo a desenvolver uma importante actividade no sector secundário. Nos últimos anos, foram criadas três novas zonas industriais.

A formação de terras de Cambra perde-se na antiguidade dos tempos. Testemunhos arqueológicos encontrados neste território indicam que já seria povoado três mil anos a.C.. Ainda são visíveis, entre outros, os dolménes e castros na freguesia de Arões e as insculturas, ao que tudo indica da Idade do Bronze, no Outeiro dos Riscos. Da cultura castreja, restam achados em Vila Cova de Perrinho, nas Baralhas, Moutides e Castelo de Sandiães. Do período de ocupação Romana, ficaram pontes e alguns troços de estradas.
A povoação é pela primeira vez mencionada na doação feita em 922 pelo rei Ordonho ao bispo de Gomado e ao mosteiro de Crestuma. Mais tarde, fez parte das terras de Santa Maria de Vandoma, pelo que, durante muitos, foi conhecida pelo nome de Santa Maria de Caymbra. Outros documentos referem-se-lhe sucessivamente como Caymbra, Braveira de Cambra e Macieira de Cambra.

No fim do século IX, já o território cambrense se encontrava num bom estado de povoamento. No início, era uma terra rural, com as suas "quintaneas", "agras", "póvoas", "vilares" e "chaves", mas, devido a uma importância crescente, baseada na riqueza do seu solo e no aumento constante da população, foi elevada á categoria de município. Crê-se que teve foral logo no dealbar da nacionalidade.
Naquela altura, numerosos fidalgos possuíam terras e bens neste vale fértil. No século XII, teve início a estirpe dos "de Cambra", uma família da linhagem dos Riba Vizela e que teve como precursor D. Afonso Anes, filho de D. João Fernandes de Riba Vizela e de D. Maria Fernandes Varela. No século XIV, o senhorio da terra de Cambra passou para as mãos dos condes da Feira, os Pereiras, e, mais tarde, para a Casa do Infantado.

Um marco importante na história do município foi a atribuição de carta de foral, em 1514, por D. Manuel I, á terra e concelho de Cambra, com sede em Macieira de Cambra.
Após a sua criação, em 1832, o concelho de Macieira de Cambra foi integrado no distrito de Aveiro, mas seria extinto em 1836, por decreto de Passos Manuel. Em 1840, foi restaurado para ser extinto novamente e anexado ao de Oliveira de Azeméis.
Em 1926, foi definitivamente extinto, aquando da criação do concelho de Vale de Cambra.»

Foral

«O valor deste diploma está em que ele constitui o reconhecimento da importância da Terra de Cambra no conjunto do Reino.
O Pelourinho que está associado a esta Carta de Foral foi classificado como imóvel de interesse público pelo Decreto n.º 23122 de 11 de Outubro de 1933. É ele próprio símbolo de poder municipal e da administração da justiça.
Era donatário destas terras o Infante D. Pedro, futuro Rei D. Pedro III. Outrora, até 1700, era dos Condes da Feira, dos Forjazes e Pereiras.
Macieira de Cambra integrou a província da Beira e pertenceu à comarca de Esgueira.»



Lugares que integravam as Terras de Cambra:

Titollo de Cabruum
Arooes
Campo d'Amçam
Paraduça Ervedoso Lourosella
Chaao do Carvalho
Merlaaes Caviao
Costellaaos Cabril e Areaaes
Coelhosa
Armental
Reffoyos e Gaynde e Aljariz
Codal e Paul

Brasão (brasão no início do texto)

«Brasão: escudo de verde, vaca de ouro passante; bordadura de negro carregada de quatro cachos de uvas de púrpura folhados de ouro, alternados com quatro abelhas do mesmo. Coroa mural de cinco torres de prata. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: "VALE de CAMBRA".

Bandeira: gironada de oito peças de amarelo e negro. Cordão e borlas de ouro e negro. Haste e lança de ouro.

Selo: circular, com as peças do escudo sem a indicação de cores e metais, tudo envolvido por dois círculos concêntricos, onde corre a legenda: "Câmara Municipal de Vale de Cambra".»



Freguesias

Concelho

Habitantes

Área (ha)

Área

146,5 km2

Arões

1952

3978

Perímetro

68 Km

Cepelos

1587

1927

Altitude Máxima

1043 m

Codal

1025

214

Altitude Mínima

75 m

Junqueira

1295

1717

Densidade Pop.

167,1 hab/km2

Macieira de Cambra

4821

1821

Rôge

1901

1652

São Pedro de Castelões

7625

2148

1 cidade;2 vilas;9 freguesias

Vila Chã

4133

689

Vila Cova de Perrinho

459

511






Bibliografia
:

História das Freguesias e Concelhos de Portugal - Volume 18

Jornal de Notícias, JN Concelhos, Vale de Cambra

Município de Vale de Cambra